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Família Vale de Gato

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Script error: No such module "AfC submission catcheck". O nome de família Vale de Gato, surgiu no sec XX com a necessidade de todos terem nome de família para efeitos de obtenção de bilhete de identidade. Esse nome surgiu, à semelhança de muitos outros nomes de família, com base no nome do local onde as pessoas dessa família viviam. Os nossos antepassados viveram várias gerações, desde cerca de 1820 até 1913 no monte do Vale de Gato, que fica junto ao Ciborro. Esse local faz hoje parte do concelho de Coruche, actual freguesia do Couço e faz mesmo fronteira entre o Ribatejo e o Alentejo. No passado existiu uma paróquia, entretanto extinta cerca de 1850, a paróquia do Peso à qual o monte pertencia. A aldeia do Ciborro só surgiu também no final do sec XIX/início do sec XX como tentativa por parte dos donos das terras em fixar população na zona. Com a extinção da paróquia do Peso os baptismos e os casamentos dos nossos antepassados passaram a ser feitos nas Brotas (Santuário de Nossa Senhora das Brotas).

O monte do Vale de Gato era na altura (e ainda hoje) uma grande propriedade produtora de cortiça. Para além da cortiça, também se faziam searas e criava-se gado. Os nossos antepassados eram aí trabalhadores agrícolas. A partir dos registos de baptismo e de casamento identificavam-se como singeleiros (o que prepara a terra para a semeadura), ceifeiros, mas provavelmente deviam trabalhar nestas três actividades.

Cerca de 1913, na sequência do agitado período que se seguiu à queda da monarquia os filhos do nosso antepassado Custódio João, saem do monte do Vale de Gato. Dos cinco filhos (três homens e duas mulheres) , três vão para Vendas Novas (Francisco, Manuel e Maria ). O irmão mais novo António vai para Foros de Vale Figueira/Lavre. Sabe-se pouco da outra filha Augusta.

Vendas Novas nessa época era uma vila em grande expansão. Desde cerca de 1860 com a chegada do caminho de ferro da linha do Alentejo (Barreiro – Vendas Novas), completada em 1905 com a ligação à linha do norte através do Setil, a vila pela sua localização atraiu várias fábricas da industria corticeira. Por outro lado, data também dessa época o aforamento de grandes propriedades à volta de Vendas Novas (foros dos infantes, foros da rainha, foros da misericórdia) o que permitiu distribuir terra por pequenos proprietários. Não é pois de admirar que a vila que entretanto tinha aumentado significativamente a sua população, tenha atraído os Vale de Gato que já a deviam conhecer através das suas feiras de gado.

Mais tarde o Francisco fixa-se nos foros da Misericórdia, o Manuel na Afeiteira e a Maria casa e vai para Bombel, locais estes todos em Vendas Novas. O irmãos Francisco e Manuel dedicam-se inicialmente a fazer searas e a produzir carvão vegetal . Mais tarde o Francisco dedica-se ao fabrico de pão.

No entanto pesquisando os registos paroquiais mais para trás no tempo (antes de 1820/30), constata-se que os nossos antepassados já tiveram outros nomes de família e viviam noutros locais (perto do monte do vale de Gato). O local onde existem os registos mais antigos é São Lourenço de Lavre, Como forma de promover a agricultura e fixar população, Lavre é elevado a concelho (separando-se de Montemor) no tempo do rei D. Dinis, em 1304. O concelho fica então com duas freguesias Lavre-matriz (Nossa Senhora da Assunção) e mais afastada a freguesia de São Lourenço de Lavre. O concelho de Lavre (para uma área de 280 km2) em 1758 tinha cerca de 1500 habitantes sendo que em tempos anteriores (sec XVI e XVII) muito menos que isso. Num documento do sec. XVI, relativo a uma visitação (inspecção) efectuada em 1534 o visitador refere sobre a igreja de S. Lourenço: “...achou ser muito antiga e ter grande cemitério, estando muito mal reparada do telhado e possuindo paredes sem nenhum ladrilho”

O primeiro registo de um antepassado é de 1621 e refere-se ao nascimento de um Gregório André, em São Lourenço de Lavre.

De notar que os livros de registos de baptismos/casamentos e óbitos foram só iniciados em São Lourenço em 1615. No entanto com base noutros documentos sabe-se que quer o pai (Mathias Coelho) quer o avô (Christovão Coelho) deste Gregório André também eram moradores em São Lourenço de Lavre pelo que se pode concluir que os nossos antepassados nos anos de 1500 ́s já andavam na zona.

Um irmão do já referido Gregório, de nome Ascenso, candidata-se a receber ordens menores (entrada em convento) em 1656. Nessa altura o acesso ao clero implicava (entre outros aspectos) investigação sobre a “pureza de sangue” do candidato. Descobriu-se o processo dessa candidatura. Nela são arroladas como testemunhas um conjunto de moradores em S. Lourenço, a saber:

  • Pedro Gonçalves, lavrador e morador na herdade do Vale de Corvo (4 km NW entre o Monte da Bica e a Herdade de Baixo. Existe nos mapas elevação com nome Corvo)
  • Diogo Gonçalves, provável irmão do primeiro, lavrador e morador na herdade de Vale de Corvo (4 Km NW)
  • Lourenço André, moleiro no moinho (azenha) da herdade do Outeiro (a igreja s. Lourenço está na herdade do Outeiro).
  • António Rodrigues, lavrador e morador na herdade do Barrocal (3 km SW)
  • João Luís, lavrador e morador na herdade do Deserto (5 km a SW entre o Barrocal e o Pedrogão)
  • Mathias Rodrigues, lavrador e morador na herdade do Barrocal (3 km SW)

Todas as testemunhas afirmaram que o Ascenso era ”...cristão velho legítimo sem raça alguma de judeu, cristão novo, mouro, mourisco, negro ou mulato....” A questão do sangue era na altura muito importante. Para além dos processos da Inquisição de Évora movidos na sua maior parte relativos a acusações de judaísmo, de realçar, mesmo num local tão pequeno e pobre como são Lourenço, a existência de escravos como comprovam vários registos de baptismo dos anos de 1600 ́s (principalmente da 1a metade do sec) e a sua miscigenação com a restante população. Também referem que o Ascenso é filho de Mathias Coelho (já defunto) e de Catharina André, sendo os avós paternos Cristóvão Coelho e Margarida de Jesus, e os maternos André Lopes e Violante Rodrigues também já defuntos nessa data 1656. Todos estes nascidos e moradores em S. Lourenço. Dos diferentes assentos de baptismo e casamento, desde 1621 até ao final do sec XVIII, os nossos antepassados eram lavradores, muito provavelmente em terra que não era sua, e da qual pagavam renda (em géneros) aos proprietários da mesma, que tipicamente seriam igrejas e conventos de Évora e Montemor-o-Novo. Tal como já referido, os nossos antepassados tiveram vários nomes de família que foram por razões diversas mudando ao longo do tempo:

  1. Coelho (Cristóvão -> Mathias -> Gregório) – 1500 ́s a 1650
  2. Ramos (Manoel -> Sanctus) – 1650 a 1707
  3. Cardozo (Manoel -> António -> André ) 1707 a 1800
  4. Mais tarde (início do sec XIX, quando saem daqui para ir para o Peso (Coruche), perde-se o nome de família Cardozo, passando as pessoas a ter nomes simples tais como João André e Custódio João.

O nome Cardozo é ainda utilizado por João André, tal como se constata da sua certidão de óbito. O seu filho Custódio João já não o utiliza, provavelmente porque terá sido criado por outros, uma vez que à data do falecimento do João André era muito pequeno. Os filhos do Custódio João que mais tarde vão para Vendas Novas é que vão adoptar o nome Vale de Gato.

Com base nos diferentes documentos existentes (assentos de baptismo, casamento e óbitos) existem registos de passagem dos nossos antepassados por este locais de S. Lourenço e S. Geraldo,

  • Freixeira
  • Courella das Barrozas
  • Pedrogão
  • Zambugeira
  • Ataboeira
  • Freixeirinha

O grande terremoto de 1755 que destruiu Lisboa, fez também grandes estragos em Lavre. Nessa altura foi feito um inquérito, através da hierarquia da igreja a todas as paróquias do país. Nele são feitas um conjunto alargado de perguntas sobre a vida e condições locais da altura. A resposta a esse inquérito relativo a S. Lourenço foram dadas em 1758, permitem perceber melhor como era a vida no local nessa altura. Transcrição de algumas respostas (as perguntas são implícitas):

  1. “tem esta freguesia 42 fogos e conta de 236 pessoas, convém a saber 206 de comunhão e trinta menores.”
  2. “junto a esta igreja só existe o sacristão dela, um vizinho mais não existe na freguesia aldeã. Só consta de moradias que chamam herdades, sesmarias ou cortiçadas por serem as casas de cortiça.”
  3. “há nesta igreja duas irmandades, uma das Almas outra do Rosário. O padre é capelão com obrigação de aviar esta freguesia, amovível a arbítrio do exmo revedomo sr. Arcebispo (de Évora claro). Tem de próprio 4 moios, 2 de trigo e 2 de cevada, renderá de pé de altar.....”
  4. “o fruto da terra que os moradores recebem em mais abundância alguns anos é centeio, trigo e cevada..dão as árvores bolotas e lândeas”
  5. “o orago desta paróquia é o glorioso e esclarecido mártir S. Lourenço, cuja sagrada imagem está colocado no altar maior. É de mediana altura e perfeitamente estofada. à parte direita do mesmo santo está a imagem do sempre grande e príncipe dos apóstolos S. Pedro, é estofada e de dois palmos e meio de altura. À parte esquerdo está o mártir S. Brás também estofada e da mesma altura
  6. “tem esta igreja dois altares colaterais. da parte esquerda está uma rica imagem de nossa senhora do rozário em tribuna de talha muito bem pintada. À parte esquerda está uma imagem de Santa Margarida, da parte direita uma pequena imagem da Senhora do Rozário que sai nas procissões do santíssimo rozário que se fazem todos os meses.
  7. “no altar que está à parte direita da igreja e que chamam das Almas, está em trono uma sagrada imagem de Cristo cruxificado e à parte direita o grande arcanjo S. Miguel de três palmos de altura, ricamente estofado. E à parte esquerda o invicto mártir S. Sebastião da mesma altura”
  8. “passa por esta freguesia uma ribeira que principia junto à freguesia de nossa senhora da represa, termo de Montemor, a que chamam ribeira de Lavre mas é pobre de cabedais que só em quando chove é que está corrente.

Pouco depois, em 1764, existiam em S. Lourenço:

  • 21 lavradores
  • 24 assalariados rurais
  • 19 guardadores de gado
  • 5 seareiros
  • 1 sapateiro
  • 1 alfaiate
  • 1 ermitão – provável que seja o sacristão
  • 1 negociante

O que perfaz 73 “profissionais”, o que é compatível com a contagem dos 236 habitantes de 1758, dos quais 30 crianças. Nessa altura a freguesia de são Lourenço era constituída por 23 herdades.

Se a segunda metade do sec XVIII (tempo do Marquês do Pombal) foi tempo de alguma prosperidade, a primeira metade do sec XIX foi de grande agitação e declínio:

  • 1808 - Invasões francesas e fuga da corte para o Brasil
  • 1820 – independência do Brasil – principal fonte de riqueza na época
  • 1830/33 – guerra civil e final do “antigo regime” de monarquia absoluta
  • 1834 – decreto confiscando as propriedades da igreja e pondo em hasta pública as mesmas, implicando a sua venda ao desbarato a quem na altura tinha dinheiro.

Nasce nessa altura também o interesse pela pecuária, sendo que os proprietários começam a preferir criar rebanhos em alternativa a receber rendas pela exploração da terra. É uma nova era na exploração agrícola no Alentejo, na qual vai aparecer o montado e a mais tarde a exploração de cortiça. A progressiva conversão das culturas em pastagens, negócio mais seguro e lucrativo, constituiu um pretexto para a expulsão de muitos arrendatários. É nesse contexto que os nossos antepassados deverão ter sido afastados da zona, aparecendo já no início do sec XIX na zona do Peso (ida para o Monte do Vale de Gato) predominantemente como assalariados. Em 1836, o concelho de Lavre é extinto sendo englobado no de Montemor-o-Novo. Em 1850, a paróquia de S. Lourenço é englobada na paróquia de São Geraldo. São encerrados os livros de assentos de São Lourenço. As imagens dos santos desta igreja vão para a igreja de S. Geraldo (donde alguns foram roubadas cerca de 2003).

Considerando apenas a via paterna, os nossos antepassados directos são:

  1. Christóvão Coelho (n.15??-m.????)
  2. Mathias Coelho (n.161? – m. 1651) – lavrador na herdade da Zambujeira (junto ao Ciborro)
  3. Gregório André (n.1621 – m. 1674) – 53 anos – lavrador na herdade da Freixeira
  4. Manoel Ramos (n. 1654– m. 1680) – 26 anos – lavrador na courella das Barrozas
  5. Sanctus Ramos (n.1678 – m. 1704) – 26 anos – lavrador na herdade do Pedrógão
  6. Manoel Cardozo (n.1707 – m. 1744) – 37 anos - lavrador na herdade do Pedrógão
  7. António Cardozo (n.1738 – m. ????) – lavrador na herdade do Pedrógão - ????
  8. André Cardozo (n.1774 – m. 1825) – 51 anos - lavrador na herdade da Ataboeira (junto ao Ciborro)
  9. João André (n.1808 – m. 1851) – 43anos - assalariado na herdade do Vale de Gato
  10. Custódio João (n.1849 – m. 1911) – 62 anos - assalariado na herdade do Vale de Gato
  11. Francisco/Manuel/Maria/Augusta/António nascem na herdade de Vale de Gato e vão para Vendas Novas e Lavre

No site da família (myheritage.com) estão registados todos estes e muitos mais antepassados conhecidos com mais informações, bem como cópias dos documentos encontrados. As ruínas da igreja de S. Lourenço de Lavre ficam situados na herdade do Barrocal (próxima do Ciborro e de São Geraldo). No site da família estão também fotos actuais desse local. Estão também fotos actuais do Monte do Vale de Gato. Quer as ruínas de S. Lourenço quer o monte de Vale de Gato necessitam de permissão para visita. Em maio 2013 foi efectuado passeio por alguns descendentes dos Vale de Gato a alguns destes locais (igreja de s. geraldo -> ruínas de s. Lourenço -> santuário das brotas -> monte do vale de gato).



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